segunda-feira, 27 de julho de 2009

Beato Rafael Arnáiz, o jovem Trapista que encontrou a santidade no quotidiano – 1ª parte





22 de julho de 2009

Sua vida, suas cartas e o testemunho de sua postuladora


ROMA, quarta-feira, 22 de julho de 2009 (ZENIT.org) – Suas ações simples tiveram tanto eco dentro do Mosteiro Trapista San Isidro de Dueñas, localizado entre Valladolid e Palencia, na Espanha, que sua fama já não tem fronteiras.

O Papa Bento XVI canonizará no domingo, 11 de outubro, o Beato María Rafael Arnáiz Barón, mais conhecido como o “Irmão Rafael”.

Será o mais jovem do grupo de cinco Beatos que receberão o título de Santos no próximo mês de outubro (morreu aos 27 anos) e também o que faleceu mais recentemente (1911-1938).

Sua postuladora, a Irmã Augusta Tescari, OCSO, falou com ZENIT sobre a vida deste Beato, que alcançou a santidade em meio à renúncias, sacrifícios, bem como a alegria de viver a vida contemplativa, “com o estilo e a simplicidade de um jovem”, assegura.

“Um estilo pictórico porque descreve sua experiência como se estivesse pintando. Sua espiritualidade é muito simples, centrada sobre a Eucaristia, a grandeza e a bondade de Deus, e no domínio de Deus sobre sua vida. Ele O chamava de “Amo” e a Virgem de “Senhora”, comenta a Irmã Augusta.


A Deus pela beleza

O Irmão Rafael nasceu em Burgos, Espanha, em 1911, aonde estudou com os Padres jesuítas. Desde pequeno apresentava uma altíssima sensibilidade pelos temas espirituais, assim como pela pintura e a arte em geral.

Entretanto, a enfermidade o golpeou a ponto de ter que interromper por um tempo os seus estudos. Primeiro com umas febres coli-bacilares e depois com uma pleurisia.

Uma vez curado, seu pai o levou, em 1922, a Zaragosa para consagra-lo à Virgem de Pilar. Posteriormente sua família se mudou para Oviedo, onde terminou seus estudos secundários.

Em 1930, iniciou sua carreira na Escola Superior de Arquitetura de Madrid. “Era uma época muito turbulenta, onde o anti-clericalismo estava muito exaltado. Se aproximava a Guerra Civil Espanhola”, recorda sua postuladora.


Em julho de 1932, Rafael deixou por uns dias os seus livros de arquitetura para realizar seus exercícios espirituais no Mosteiro, onde sentiu o chamado para se fazer Monge Trapista.

Já não seriam os planos, os desenhos, as construções, senão o “ora et labora” de São Bento e o “só Deus basta” que continuarão guiando os poucos anos que pôde dedicar à vida monástica.

Tinha 23 anos quando foi aceito no Mosteiro de San Isidro de Dueñas.

“Não me move para fazer esta mudança de vida nem tristezas, nem sofrimentos, nem desilusões, nem desenganos do mundo, assegurou Rafael ao ingressar na Ordem Cisterciense. Tenho tudo o que o mundo pode me dar. Deus, em sua infinita bondade, me deu na vida muito mais do que mereço”.

Com as melodias dos Cantos Gregorianos durante as orações da Liturgia das Horas, entre os imponentes muros românicos do Mosteiro Trapista, o Irmão Rafael experimentou como esta vocação respondia a seus íntimos anseios.

“Cantando assim como cantam, com esse fervor, não é possível que a Virgem não se compadeça deles. Eu creio que nesse momento a Rainha do Céu há de olhar seus filhos com ternura e o próprio Deus se recreará em Maria, testemunhava o santo.

Passava horas escrevendo à sua mãe, quem depois de sua morte compilou suas cartas em um livro, e a seus tios, os Duques de Maqueda, com quem teve uma grande amizade.
“Quando se lêem suas cartas, sobretudo aos tios, Rafael parece seu Diretor Espiritual. Não era ele o discípulo de seus tios; seus tios eram seus discípulos”, diz a postuladora.

“No Mosteiro passam-se os dias. Que importa? Não vejo grandezas, não vejo misérias, não vejo a neve, não distingo o sol. O mundo se reduz a um ponto, ao ponto do Mosteiro e no Mosteiro. Só Deus e eu”, assegura em uma de suas cartas.

En español:

http://www.zenit.org/article-32001?l=spanish

(Continua)


Beato Rafael Arnáiz, o jovem Trapista que encontrou a santidade no quotidiano – 2ª parte




22 de julho de 2009

Sua vida, suas cartas e o testemunho de sua postuladora

2ª parte


Traição de Deus?

Apesar da imensa alegria que experimentava, a diabetes sacarina o obrigou a abandonar a Abadia em três ocasiões: “Pareceu a Rafael quase uma traição da parte do Senhor, mas pouco a pouco aprendeu a Vontade do Senhor e permaneceu 1 ano em casa para curar-se”, recorda a Irmã Agustina.

“Pediu novamente para entrar no Mosteiro como Oblato porque não podia seguir toda a Regra, sem direito de voto nas decisões capitulares. Foi aceito como hóspede. Sentia a vocação de modo muito forte e por isso foi aceito”, assegura a Religiosa.


O legado de um jovem Santo

A simplicidade e inclusive o senso de humor de seus escritos não tiram valor nem profundidade teológica à expressão de suas experiências no Mosteiro assim como seu amor ao Senhor e à Santa Maria.

Em 1934, o Irmão Rafael recebeu o Hábito branco, e comentou com profunda alegria com sua mãe: “Estou muito contente. Estou todo de branco, pelo menos por fora. Agora, vou me esforçar para estar por dentro, que é o principal”.

Suas reflexões, as intercalava sempre com comentários que faziam rir aos destinatários de suas cartas: “O que me dá muito calor é o capuz. Quando chegar o verão vou me derretendo pouco a pouco, e um dia vão procurar o Frei María Rafael e não encontrarão mais que o Hábito”.

E foi a Diabetes, a que o levou à morte na enfermaria do Mosteiro, no dia 26 de abril de 1938. Lugar que se conserva e que se converteu em lugar de oração e recolhimento para os Monges que ali habitam.

Em 19 de agosto de 1989, João Paulo II lhe propôs como modelo para os jovens em Santiago de Compostela, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude.

E lhe proclamaria Beato em 27 de setembro de 1992, na Praça de São Pedro, em Roma.


Por Carmen Elena Villa
Zenit


En español: http://www.zenit.org/article-32001?l=spanish



Fray María Rafael: Se houvesse que dar cem vidas por Jesus




“Se houvesse que dar cem vidas, as daríamos por Jesus. Levo um mundo dentro de mim tão grande, tão grande, que não podes imaginar, e entretanto, tão simples: não consiste mais que em um amor muito grande a Jesus e uma ternura infinita a Maria. Que mais posso desejar?”.


En español


Fray María Rafael: Si hubiera que dar cien vidas por Jesús

“Si hubiera que dar cien vidas, las daríamos por Jesús. Llevo un mundo dentro de mí, tan grande, tan grande que no te puedes imaginar, y sin embargo, tan sencillo: no consiste más que en un amor muy grande a Jesús y una ternura infinita a María. ¿Qué más puedo desear?”


Fray María Rafael
Cartas (96)-347


Beato Rafael Rafael Arnáiz: O amor a Deus e a vida interior



“O mundo não sabe o que é amar a Deus. Na Trapa, com o silêncio com meus irmãos, todo esse amor contido em minha alma subirá até Deus no silêncio e por mediação da Senhora. No mundo também há almas que não querem mais que amar; amar a Deus, derreter-se, fundir-se cada vez mais nesse amor a Deus que é a única razão de existir no mundo.

Tua vida interior: amar a Deus. E tua vida no mundo? Não tens mais que obedecer humildemente o que te dite esse amor a Deus que levas dentro. Se amas a Deus e o amas de todo, não te amarás a ti mesmo. Amando a Deus já tens oração, embora não creias nisso. Em que consiste a tua oração? Em atos seguidos de amor a Deus.

Do amor a Deus sai tudo. Se aperfeiçoares esse amor, que é tua única vida interior, tudo o mais não tem importância. Esse mesmo amor te fará ser humilde, mortificado, caridoso; te fará ser santo, santo por amor; santo única e exclusivamente por amor. Vês que fácil? Que caias, te desalentes, não importa. O milagre do amor faz tudo. Pede à Senhora esse amor que Ela tinha por seu Filho. Por esse amor pôde a Virgem resistir a tudo. Por amor e nada mais. Por amor teve humildade, por amor foi a mais santa das mulheres.

Que tua vida seja um contínuo ato de amor a Jesus”.


En español


El amor a Dios y la vida interior

“El mundo no sabe lo que es amar a Dios. En la Trapa, con el silencio con mis hermanos, todo ese amor contenido en mi alma, subirá hasta Dios en silencio y por mediación de la Señora. En el mundo también hay almas que no quieren más que amar; amar a Dios, derretirse, hundirse cada vez más en ese amor a Dios que es la única razón de existir en el mundo.

“Tu vida interior: amar a Dios. ¿Y tu vida en el mundo? No tienes más que obedecer humildemente lo que te dicte ese amor a Dios que llevas dentro. Si amas a Dios y le amas del todo, no te amarás a ti mismo. Amando a Dios ya tienes oración, aunque no lo creas. ¿En qué consiste tu oración? En actos seguidos de amor de Dios.

“Del amor a Dios sale todo. Si perfeccionas ese amor que es tu única vida interior, todo lo demás no tiene importancia. Ese mismo amor te hará ser humilde, mortificado, caritativo; te hará ser santo, santo por amor; santo único y exclusivamente por amor. ¿Ves qué fácil? Que caes, te desalientas, no importa. El milagro del amor lo hace todo. Pídele a la Señora ese amor que Ella tenía a su Hijo. Por eso amor pudo la Virgen resistir todo. Por amor y nada más. Por amor tuvo humildad, por amor fue la más santa de las mujeres.

Que tu vida sea un continuo acto de amor a Jesús”.


Irmão Rafael Arnáiz
Cartas C(116)-544; C(113)-511, 512



Fray María Rafael: Descascar nabos por amor a Jesus Cristo




“O que estou fazendo?...Descascar nabos por amor, por amor a Jesus Cristo... Só sei dizer que no mundo se podem fazer das mais pequenas ações da vida, atos de amor de Deus. O descascar nabos por verdadeiro amor a Deus pode dar a Ele muita glória e a nós tantos méritos quanto a conquista das Índias”.


En español


Fray María Rafael: Pelar nabos por amor a Jesucristo

“¿Que qué estoy haciendo?...Pelar nabos por amor, por amor a Jesucristo… Sólo sé decir que en el mundo se pueden hacer de lás más pequeñas acciones de la vida, actos de amor de Dios. El pelar nabos por verdadero amor a Dios le puede a El dar tanta gloria y a nosotros tantos méritos como la conquista de las Indias”.


Fray María Rafael
Mi Cuaderno (161)-774



Beato Rafael Arnáiz, Coração e alma enamorada



“Só Jesus preenche o coração e a alma”

“Solo Jesús llena el corazón y el alma”

Rafael Arnáiz Barón









Beato Rafael, intercedei por nós!



Trapista Rafael Arnáiz Barón, um Santo perto




“Fixar a data da canonização do Monge Trapista Rafael Arnáiz Barón constituiu o penúltimo passo para que este Frade do Mosteiro Cisterciense de San Isidro de Dueñas se converta em Santo.

O último passo terá lugar no próximo 11 de outubro, no Vaticano, quando Bento XVI presidirá a solene Cerimônia que dará o passo para que o agora Beato seja venerado em todos os países do mundo.

São Rafael Arnáiz será um Santo perto, que viveu três décadas do passado século, entre 1911 e 1938, que morreu jovem vítima da enfermidade do Diabetes, que quis ser arquiteto, mas que sua profunda religiosidade o levou até Dueñas para ingressar em uma comunidade de estrita observância, e que ali, entre os muros da Trapa, quis morrer junto à sua família espiritual.

Rafael Arnáiz deixou um profundo testemunho de sua vida através de escritos e cartas, nas quais relata as suas vivências, seus pensamentos e seus sentimentos da realidade que viveu, tanto no Mosteiro quanto fora, no mundo.

Esses escritos se converteram na base de uma espiritualidade que cativou a milhões de pessoas que lhe professam uma profunda devoção, número este que continuará aumentando. Esses escritos definem a um místico do século XX, um Religioso preocupado com o mundo que o rodeia, mas também com todo o transcendente.

Seu pensamento foi estudado por inúmeros teólogos e religiosos que compilaram uma enorme bibliografia sobre o novo Santo. Um Santo de agora, nascido em Burgos mas vinculado já para sempre a Dueñas, a esse Mosteiro que conserva seus restos em uma Capela desenhada por um sobrinho seu e cujos Monges ainda cantam a ‘Salve’ que tanto lhe emocionava. Uma Capela que será um foco de espiritualidade”.


Nortecastilla