domingo, 26 de abril de 2009

FESTA DO BEATO RAFAEL ARNÁIZ BARÓN – Santidade: Tudo por Deus!





FESTA DIA 26 DE ABRIL


"Tudo o que faço, é por Deus. As alegrias, Ele as manda; as lágrimas, Ele as dá; o alimento, tomo-o por Ele; e quando durmo, faço-o por Ele. Minha regra é Sua vontade, e Seu desejo é minha lei; vivo porque a Ele apraz, morrerei quando Ele quiser. Nada desejo fora de Deus.

Quisera que o universo inteiro - com todos os planetas, os astros todos, e os inúmeros sistemas siderais - fosse uma imensa superfície lisa onde eu pudesse escrever o nome de Deus. Quisera que minha voz fosse mais potente que mil trovões, e mais forte que o ímpeto do mar, e mais terrível que o fragor dos vulcões para só dizer ‘Deus'. Quisera que meu coração fosse tão grande quanto o Céu, puro como o dos Anjos, simples como a pomba para nele ter a Deus".



Dos escritos de Rafael

Rafael. Obras Completas. Preparadas por Fray Maria Alberico Feliz Carbajal, Burgos, Editorial Monte Carmelo, 2002, pp. 788 e 831-832.



FESTA DO BEATO RAFAEL ARNÁIZ BARÓN: A heroicidade de um apagamento total – 1ª parte




FESTA DIA 26 DE ABRIL

A heroicidade de um apagamento total – 1ª parte

Por Irmã Clara Isabel Morazzani Arráiz, EP

Frequentemente julga-se que o pleno desenvolvimento de um homem consiste em ser bem sucedido na vida, galgar altos postos, conquistar prestígio, obter uma importante fortuna. Não é este, porém, o ensinamento que emana dos Livros Sagrados.

O grande êxito da vida do Irmão María Rafael foi aceitar o aparente fracasso de seu ideal, conformando-se inteiramente à vontade divina. Nada foi aos olhos humanos, mas foi santo aos olhos de Deus, que julga pelo coração, e não pelas aparências.


Frequentemente julga-se que o pleno desenvolvimento de um homem consiste em ser bem sucedido na vida, galgar altos postos, conquistar prestígio, obter uma importante fortuna. Não é este, porém, o ensinamento que emana dos Livros Sagrados, referindo-se a quem se afana em ajuntar riquezas, sem utilizá- las para glorificar a Deus: "Não permanecerá o homem que vive na opulência: ele é semelhante ao gado que se abate" (Sl 48, 13). Ou: "Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se vem a perder-se a si mesmo e se causa a sua própria ruína?" (Lc 9, 25).

Para Deus importa, antes de tudo, que o homem se conforme com Sua santa vontade. E esta não pede o mesmo a todas as almas: a umas designará para ocupar altos cargos ou distinguir-se pelas obras, desde que sempre centradas no amor a Deus; a outras chamará para a renúncia e o sacrifício. Tanto umas quanto outras serão grandes diante de Deus, e as segundas não terão menos mérito que as primeiras. O tribunal divino não julga pelas aparências exteriores, mas segundo o grau de docilidade à vontade de Deus. A história do Beato Rafael oferece um exemplo dessa entrega plena e desinteressada de uma vida que poderia ter atingido um grande esplendor mundano.



Um menino privilegiado

Rafael Arnáiz Barón nasceu em Burgos, Espanha, a 9 de abril de 1911, numa aristocrática família. Seus pais, católicos fervorosos, educaram-no com esmero na prática dos Mandamentos e no amor à virtude. Aos 10 anos, vendo-se impossibilitado de acompanhar seus colegas à Missa de domingo, por estar enfermo, suplicou a um Sacerdote que lhe levasse o Santíssimo Sacramento. Impressionado com a piedade daquela criança, o Padre acedeu e, a partir daí, Rafael nunca mais abandonou a Comunhão dominical.

Diante do olhar profundo do jovem Rafael, seu futuro se descortinava em tons róseos e azulados. Sua inteligência penetrante, a vivacidade de sua conversa e seu trato ameno conquistavam-lhe todas as simpatias e aumentavam o atrativo natural que exercia sobre os que dele se aproximavam. Um marcado pendor artístico veio completar o encanto de sua pessoa.

Rafael, porém, parecia feito mais para a contemplação das coisas celestes que para as banalidades da vida terrena. Levava uma vida semelhante à dos outros moços de sua idade, mas seu olhar voava com facilidade até Deus. Dir-se-ia que sua nobre alma experimentava o exílio deste vale de lágrimas e ardia em desejos de horizontes sublimes. A resposta da Providência a tais anseios, plantados por ela mesma naquele inocente jovem, não se faria esperar.



Na juventude, o despontar da vocação

Aos 19 anos, estando na casa de seu tio em Ávila, foi solicitado a levar uma carta ao Abade do Mosteiro Trapista de San Isidro de Dueñas. Essa visita seria para ele a clarinada reveladora de sua vocação.

"Aquilo que vi e passei na Trapa, escreveria ele mais tarde, as impressões que tive nesse santo mosteiro, não podem ser explicadas; pelo menos eu não sei explicá-las, somente Deus o sabe. O que mais me impressionou foi o canto da Salve Regina, ao escurecer, antes de irem deitar-se. Aquilo foi algo sublime".

Com efeito, desde a época de São Bernardo, era costume nos Mosteiros cantar a Salve Regina logo após as Completas, em homenagem à Santíssima Virgem. Diante da unção daquele hino entoado por mais de 50 religiosos revestidos de brancos hábitos, Rafael sentiu-se convidado a imitá-los. Nesse dia, o projeto de dar-se à vocação monacal começou a germinar em sua mente.

Ele continuou a levar sua vida comum. Dados os seus dotes para o desenho, estudou dois anos na escola de arquitetura, em Madri. Entretanto, a graça operara em seu interior uma verdadeira transformação, como ele mesmo descreve:

"Ali na Trapa, a sós com Deus e a própria consciência, muda-se o modo de pensar, o modo de sentir e, o mais importante, o modo de agir nos atos do mundo".




A decisão de abraçar a vida religiosa

Em 1933, estando de novo em Ávila, Rafael surpreendeu seu tio com uma notícia: estava resolvido a abandonar o mundo e ingressar na Ordem Trapista, sem mesmo avisar seus pais, residentes ao norte do país, na cidade de Oviedo. Assim descreve seu tio a impressão que lhe causou a decisão do sobrinho: "Rafael era débil fisicamente, mas a fortaleza que faltava a seu corpo tinha em sua alma medida completa e transbordante. Sua vontade era de aço; eu tinha a firme convicção de que aquela determinação era de Deus; não era um capricho, nem uma impressão, nem um engano; era o fruto divino de uma correspondência à graça, que o Espírito Santo dignava-se sustentar com um de seus mais preciosos dons: o da fortaleza".

Para demovê-lo de sua resolução de não ir antes a Oviedo, seu tio recorreu ao Núncio Apostólico, que se encontrava em Ávila. Ante o desejo da autoridade religiosa, Rafael dobrou-se, por amor à obediência, reconhecendo naquela ordem o primeiro passo rumo à cruz, que desejava abraçar.

Partiu para Oviedo e lá, após comemorar o Natal numa aparente alegria, comunicou a seus pais a decisão que tomara. Estes, como bons cristãos, acolheram-na com verdadeira emoção, agradecendo a dádiva que o Senhor lhes concedia.


(Continua)



FESTA DO BEATO RAFAEL ARNÁIZ BARÓN: A heroicidade de um apagamento total – 2ª parte





A heroicidade de um apagamento total – 2ª parte


Por Irmã Clara Isabel Morazzani Arráiz, EP

(Continuação)


Uma nova etapa na vida do jovem Rafael

Para o jovem Rafael começava uma nova etapa: deixava para trás as comodidades, o carinho familiar, os passatempos mundanos, as promessas de um brilhante porvir. Sobretudo, renunciava àquilo que a criatura humana possui de mais arraigado: a vontade própria. Doravante esta se acharia inteiramente conformada à vontade divina.

No dia 15 de janeiro de 1934, as portas da Trapa abriam-se para o jovem postulante. Seu coração estava cheio de bons propósitos, que ele resumiu com estas palavras escritas poucos dias antes:

"Quero ser santo, diante de Deus, e não dos homens; uma santidade que se desenvolva no coro, no trabalho, sobretudo, no silêncio; uma santidade conhecida somente de Deus e da qual nem mesmo eu me dê conta, pois, então, já não seria verdadeira santidade".


Essa santidade seria alcançada em meio a indizíveis sofrimentos e provações, na aparente inutilidade, sem em nada manifestar-se exteriormente.

O primeiro período de vida religiosa foi para Rafael um verdadeiro paraíso. Se os jejuns e as mortificações por vezes arrancaram-lhe algumas lágrimas, sua alma sentia-se inundada de consolações. A humildade que demonstrava ao acusar-se de suas faltas no capítulo de culpas e sua atitude estática diante do tabernáculo impressionavam favoravelmente a comunidade, que logo se lhe afeiçoou.


A dura prova da enfermidade

Para Rafael, o rompimento com o mundo já ficara definitivamente para trás. Porém, não eram estes os desígnios divinos. Gozava de grande felicidade espiritual quando, em maio, sentiu os primeiros sintomas da doença que o levaria à morte. O abatimento de suas forças obrigou-o a ser transferido para a enfermaria. Pouco tempo depois, o médico diagnosticava uma diabetes sacarina que progredia de forma alarmante e exigia um tratamento apropriado, que só poderia ser-lhe ministrado fora do Mosteiro.

Começava para ele a subida ao calvário, a aceitação submissa do cálice que lhe era oferecido. Via-se obrigado a voltar para o mundo, ao qual tão generosamente havia renunciado!

Seu confessor, Padre Teófilo Sandoval, narra a cena de sua partida do Mosteiro: "Os suspiros e as lágrimas do angustiado Rafael faziam-me ver que em seu interior se desenrolava uma tremenda crise espiritual que lhe oprimia o coração. Quando deixei o mundo - dizia-me - despedi-me de todos até a eternidade, e pela imprensa, Astúrias inteira soube que a graça havia triunfado em mim, sobre a natureza... Agora volto para lá desfeito, inútil, com a mortalha dentro da mala... O que dirá o mundo, tão propenso a se escandalizar? Eu quero morrer aqui, quisera que esta noite fosse a última de minha vida! Diante dessas expressões, compreendi que Rafael havia penetrado na terrível noite escura do sentido, do coração ."

Rafael voltou para sua casa. O médico que o atendeu disse aos pais de Rafael que seu estado era gravíssimo e que rezassem muito. Mas em algumas semanas verificou-se uma melhora em sua saúde e pôde aos poucos ir retomando a vida normal. Exteriormente aparentava ser o mesmo Rafael de antes, com sua alegria contagiante e sua sensibilidade artística. Uma profunda mudança, porém, efetuara-se em sua alma, modelando-a por inteiro. Experimentava outra alegria, aquela que só às almas amantes da cruz é dado conhecer.


Assim escreveu ele a um de seus superiores, algum tempo depois de sua saída do Mosteiro:

"Quando fui para a Trapa, entreguei-Lhe, a Deus, tudo quanto tinha e tudo quanto possuía: minha alma e meu corpo. Minha entrega foi absoluta e total. Justo é, pois, que Deus agora faça de mim o que Lhe pareça e o que Lhe agrade, sem queixa alguma de minha parte, movimento algum de rebeldia. Deus não somente aceitou meu sacrifício quando deixei o mundo, mas pediu-me maior sacrifício ainda, o de voltar a ele... Até quando? Deus tem a palavra. Ele dá a saúde, Ele a tira".


Essas palavras refletem bem o espírito de obediência com o qual acolhia a prova enviada pela Providência. Um ano e meio haveria de durar aquele exílio, durante o qual seu amor a Deus não fez senão crescer e sublimar-se. Ao ingressar na Trapa, despojara-se de tudo, mas conservava ainda o desejo de chegar a ser um bom trapista, de se tornar sacerdote; buscava-se a si mesmo, como mais tarde afirmaria. Deus, como Pai boníssimo, educava-o de forma a purificar sua alma daquelas asperezas tão legítimas, mas ainda humanas.

Por fim, Rafael implorou ser readmitido na Trapa na qualidade de oblato, uma vez que seu estado de saúde não lhe permitia adaptar-se ao regime da vida monacal.

Em janeiro de 1936, entrou pela segunda vez. Lá o esperavam novas tribulações: isolado na enfermaria, sujeito a um regime alimentício que provocava críticas dos companheiros, sofrendo algumas incompreensões, Rafael sentia-se inteiramente só. Dada sua debilidade física, proibiram-lhe até de participar do cântico do Ofício na Igreja. A esses sofrimentos juntavam-se terríveis tentações que lhe sugeriam a idéia de ter errado de vocação. Ele tudo enfrentava com vigor de espírito e um inalterável sorriso nos lábios.

Ainda por duas vezes a enfermidade o tiraria de seu amado Mosteiro, mas novamente a ele voltaria, convencido de ser aquele o lugar que lhe designara a vontade divina, apesar dos obstáculos que esta mesma parecia lhe opor.


Os últimos meses de vida

Os derradeiros meses da vida de Rafael foram os últimos passos até o cimo do calvário que se propusera galgar, como o refletem os escritos dessa época, embebidos de intensa espiritualidade e amor à perfeição.

Sua alma atingia aquela indiferença recomendada por Santo Inácio, pela qual o homem nada deseja para si e deixa-se levar pelo beneplácito divino. Uma única paixão dominava- lhe o coração: Deus!

"Tudo o que faço, é por Deus. As alegrias, Ele as manda; as lágrimas, Ele as dá; o alimento, tomo-o por Ele; e quando durmo, faço-o por Ele. Minha regra é Sua Vontade, e Seu Desejo é minha lei".



Entretanto, a enfermidade progredia a passos rápidos. Pela doença, Rafael padecia fome e, sobretudo, sede... Uma sede insaciável e devoradora que o acompanharia até os últimos instantes. Ele, porém, nada deixava transparecer no exterior, dando a todos a impressão de encontrar-se melhor.

No fim do mês de abril já não pôde mais ocultar seu alarmante estado. Aos delírios da febre sucediam-se instantes de lucidez, durante os quais manifestava-se sereno e resignado. Recebeu a unção dos enfermos no dia 25, mas Deus pediu-lhe o sacrifício de ver-se privado do viático. Às palavras alentadoras que lhe dirigiam os Monges, procurando infundir-lhe a esperança da cura, Rafael respondia estar convencido de que logo partiria para o Céu.

Faleceu na manhã do dia 26 de abril de 1938, em consequência de um coma diabético. Sua fisionomia plácida e seu sorriso refletiam a glória de que sua alma já gozava na eterna bem-aventurança.


Uma alma enamorada de Cristo

Sob o ponto de vista humano, sua curta vida parece ter sido um monumental fracasso: não completou a carreira, não se projetou na sociedade, não realizou seus sonhos de sacerdócio, nem mesmo teve o consolo de observar a regra trapista e emitir os votos.

Não foi assim aos olhos de Deus, que não julga pelas aparências, mas sim segundo o coração. Rafael praticou uma forma de santidade peculiar: sua alma enamorada de Deus atingiu a heroicidade das virtudes em meio ao silêncio, à dor e ao apagamento mais completos.

Sirva-nos seu exemplo de humildade e de caridade ardente para, também nós, aceitarmos com alegria aquilo que a Divina Vontade quiser nos mandar.

"Dei-me conta de minha vocação. Não sou religioso... não sou leigo..., nada sou... Bendito seja Deus, não sou nada mais que uma alma enamorada de Cristo. Vida de amor, eis minha Regra... meu voto... Eis a única razão de viver".




Por Irmã Clara Isabel Morazzani Arráiz, EP



FESTA DO BEATO RAFAEL ARNÁIZ BARÓN - Não faças ruído que estou falando com Deus






FESTA DIA 26 DE ABRIL


“Cala, irmão, não faças ruído que estou falando com Deus!

Calemos a tudo para que no silêncio ouçamos os sussurros do Amor, do Amor humilde, do Amor paciente, do Amor imenso, do Amor infinito que nos oferece Jesus com seus braços abertos desde a Cruz.

Calemos, o ruído das palavras estorva.

Calemos, guardemos silêncio pois nele falaremos, se sabemos buscá-lo, a nosso tesouro que é Deus.

Calemos, tanto quando somos consolados pelo Divino Jesus, quanto quando estamos a sós com nossa cruz.

Calemos, pois com silêncio, oração e muita loucura por dentro, se espera muito bem a Sua chegada e Ele chegará.

Calemos, pois ao calarmos é quando mais coisas dizemos.

Calemos pois o ter quieta a língua faz descansar o coração.

Calemos, pois no silêncio é onde muitas vezes se encontra o consolo que não podem nos dar as criaturas.

Calemos...

Enquanto não buscarmos a Deus no silêncio e na oração, enquanto não estivermos quietos, não encontraremos paz nem encontraremos a Deus”


Dos escritos de Rafael



terça-feira, 21 de abril de 2009

Beato Rafael nos mostra como Jesus nos ensinou e amou





“Jesus nos ensinou. Jesus buscou a companhia dos enfermos, dos pobres e, sobretudo, dos pecadores. Buscava as almas que ia redimir com seu Sangue tanto nas festas de bodas como nas praças públicas. É tanto o que Jesus amou aos homens!...Quanto temos que aprender com Ele!...

Bem-aventurados os que choram, disse Jesus, e eu creio que ao pousarem os olhos em Jesus, a turba que o seguia, bendiziam as suas próprias misérias que eram o que os unia a Jesus. E Jesus lhes olhava... E Jesus curava...E Jesus consolava...E Jesus, o terno Jesus, perdoava... A cena não mudou, exceto que Jesus não está agora em pessoa no Lago Tiberíades. Jesus está no Sacrário! Que intimidade tão grande a de Jesus com os que choram! Benditas lágrimas que nos fazem aproximar-nos de Jesus! Bendigamos nossas próprias misérias que foram a causa de Jesus buscar o nosso olhar!”.


Dos escritos de Rafael
Cartas 182, 184


Rafael Arnaiz: Milagre da Beatificação





A SANTA SÉ ADMITE O MILAGRE DA BEATIFICAÇÃO DO IRMÃO TRAPISTA RAFAEL ARNÁIZ BARÓN

Beatificado em 27 de setembro de 1992, pelo Santo Padre Papa João Paulo II

Sobre o Milagre da Beatificação

A cura milagrosa de María del Carmen Argüelles Merino por intercessão do Irmão Rafael Arnáiz Barón

Carmen Argüelles nasceu em Palencia, Espanha, em 9 de maio de 1963. No dia 5 de julho de 1982, saía de casa acompanhada por uma amiga sua e, enquanto se encontravam junto a um semáforo esperando para atravessar a rua, passou uma escavadeira que, chocando-se com o mastro do referido semáforo, o fez cair sobre a cabeça da jovem Carmen. Levada à Clínica Residencia Lorenzo Ramirez, de Palencia, e, dada a gravidade do caso, é transferida urgentemente a Valladolid, à Clínica Onésimo Redondo. Depois de realizarem exames, o resultado foi um EDEMA BILATERAL INTENSO. Levada à sala de cirurgia, lhe extraíram um fragmento de osso do cérebro, mas ainda restou um pequeno fragmento inserido no seio longitudinal superior que não puderam extrair, e que, por sua vez, ocasionou um EDEMA EPIDURAL. Foi transferida à UTI.


Depois de passados quatro dias, a paciente começa a apresentar um quadro clínico com uma midriasis esquerda persistente (que é uma dilatação anormal da pupila, com total imobilidade da íris) e com uma acentuada piora clínica. No dia 12 de julho é submetida a um exame de angiografia carotídea esquerda, que mostra claramente uma TROMBOSE na parte superior do seio longitudinal superior. O estado da jovem Carmen Argüelles piora ainda mais e entra no estado de coma “depassé” (severa), deixando sua família quase em desespero.

Os pais, Ernesto y Carmen, a encomendaram a Deus, à Virgem Maria e a todos os Santos, entretanto seu estado continuou piorando até o ponto que o Dr. Palomeque anunciou ao pai que era impossível uma nova intervenção para extrair o trombo que se havia formado e que já não havia mais esperanças. O Diretor da UTI, o Dr. Merlo, afirmou que a paciente morreria se a movessem. A equipe médica, no dia 15, diz textualmente: “DAMOS SEU CÉREBRO COMO PERDIDO. NÃO A UMA NOVA INTERVENÇÃO CIRÚRGICA. CLINICAMENTE MORTA”.

Entretanto, sua mãe não perde as esperanças e vai pedir ao Padre Alberico, do Mosteiro Trapista de San Isidro de Dueñas, uma relíquia do Irmão Rafael. Entregou a relíquia a uma enfermeira da UTI e esta tocou a enferma com as relíquias, depois prendendo-a no seu travesseiro. Ao mesmo tempo, a mãe começava a rezar com grande fervor uma novena ao Irmão Rafael.

E é concretamente nesses dias que começa uma melhora gradual e progressiva da enferma, como se pode comprovar pelas datas do Diário clínico do Hospital (16 de julho e seguintes). Na ausência do Dr. Palomeque por motivo de férias, o Dr. López Hernández escreve assim: “entrou em coma de grau IV e, em consequência da angiografia cerebral, foi constatada trombose do seio longitudinal superior, coisa que explicava o edema cerebral e o agravamento clínico, apesar da intervenção realizada. Após uns 10 dias começou uma lenta recuperação”.

Dito de outra maneira, o TROMBO, impossível de ser retirado com uma outra cirurgia, havia desaparecido completamente sem intervenção humana alguma. Isto fez com que a paciente melhorasse progressivamente, com uma recuperação neurológica e funcional total. A jovem Carmen foi retirada da UTI em 9 de agosto, levada ao quarto e posteriormente a sua casa.

Atualmente, a jovem não apresenta a mais mínima seqüela nem física nem neurológica do grave trauma sofrido e está cheia de vida com todas as suas faculdades normais.


Datacom


Adoração de Rafael Arnaiz






“Fui adorar Jesus Redentor e lhe ofereci apenas minha pobreza absoluta de tudo. Mas não importa, pois as misérias e fraquezas oferecidas a Jesus por um coração deveras enamorado são aceitas por Ele como se fossem virtudes.”


Dos escritos de Rafael
Meu Caderno 166 -806


segunda-feira, 13 de abril de 2009

Deus e minha alma




“Senhor, o mundo é pequeno para conter tudo o que Tu me dás. Quem poderá explicar o que é possuir a Suma Verdade? Quem terá palavras suficientes para dizer o que é o ‘nada desejo pois possuo a Deus’?

Minha alma quase chora de alegria...Quem sou eu, Senhor? Onde porei meu tesouro para que não se manche? Como é possível que viva tranqüilo, sem temor que me roubem? Que fará minha alma para agradar-lhe?

Pobre irmão Rafael que terá que responder diante de Deus por tantos benefícios que aqui lhe são feitos e que tem um coração de pedra que não chora tantas ingratidões e tantos desprezos à Graça Divina!

Vivo, Senhor meu, afogado em minhas próprias misérias e, ao mesmo tempo, não sonho nem vivo mais que para Ti. Como se entende isso? Vivo sedento de Ti! Choro meu desterro, sonho com o céu. Minha alma suspira por Jesus, em quem vê seu Tesouro, sua Vida, seu único Amor. Nada espero dos homens. Te amo com loucura, Jesus meu, e entretanto, como, rio, durmo, falo, estudo, e vivo entre os homens sem fazer loucuras. E ainda me envergonho de ver que busco minhas comodidades. Como se explica isso, Senhor?



Como é possível que Tu coloques a tua Graça em mim? Se ao menos em algo te correspondesse, talvez isso me explicasse.

Jesus meu, perdoa-me, devia ser santo e não o sou. E era eu o que antes se escandalizava de algumas misérias dos homens. Eu? Que absurdo!

Já que Tu me deste luz para ver e compreender, dá-me, Senhor, um coração muito grande, muito grande para amar a esses homens que são filhos teus, irmãos meus, nos quais a minha enorme soberba via falhas e não me deixava ver a mim mesmo.

Se ao menos ao último deles houvesses dado o que me deste! Mas Tu fazes tudo bem! Minha alma chora suas antigas manhas, seus antigos costumes. Já não busca a perfeição no homem, já não chora o não encontrar onde descansar, já tem tudo.

Tu, meu Deus, és o que preenche a minha alma; Tu, minha alegria; Tu, minha paz e sossego; Tu, Senhor, és meu refúgio, minha fortaleza, minha vida, minha luz, meu consolo, minha única Verdade e meu único Amor!

Sou feliz, Senhor! Tenho tudo!”.


Dos escritos de Rafael
12 de abril de 1938


Beato Rafael Arnáiz, mais sobre sua vida




Pessoas novas em um mundo velho: Beato Rafael Arnáiz Barón

"O silêncio do Mosteiro não é silêncio, mas um concerto sublime que o mundo não percebe”. Esta é uma das famosas frases do Irmão María Rafael, Monge Trapista, falecido aos somente 27 anos de idade, beatificado e próximo à canonização.

Nasceu no ano de 1911, em Burgos, Espanha, de uma família muito rica e devota. Seguindo o exemplo dos pais, muito rápido o pequeno aprendeu a amar Jesus e a socorrer os pobres. Brilhante, inteligente, bonito, alegre, enamorado da vida, estudou com proveito e êxito, primeiro em um Instituto de Jesuítas em Burgos e depois nas Astúrias, antes de ingressar na Faculdade de Arquitetura em Madrid.


Enquanto estudava e se preparava com afinco para se tornar um bom Arquiteto, no coração de Rafael foi se abrindo um outro novo espaço onde Deus reinava e o encantava pouco a pouco, atraindo-o sempre e cada vez mais. Frequentemente se submergia em uma profunda oração, perdendo todo o sentido do tempo. Muitas vezes também levava consigo um cilício e preferia dormir no chão. Mas o real desejo de consagrar-se completamente ao Senhor só se fez mais concreto depois de algumas visitas a um Mosteiro Trapista, da Ordem Cisterciense da Estrita Observância.


Foi o tio materno quem recebeu a primeira confissão de Rafael sobre o seu desejo de se tornar um Monge. Os pais, apesar de sonharem com a carreira de Arquitetura para seu filho, aceitaram bem a sua decisão de seguir ao Mosteiro para abraçar uma vida monástica porque eram cristãos muito devotos e profundos. Assim, Rafael aos 23 anos de idade vestiu o hábito branco dos noviços trapistas em San Isidro de Dueñas. Escrevia à família: ‘Cada vez me convenço mais que Deus fez o Mosteiro para mim e me fez para o Mosteiro’.


Rafael vivia tudo com alegria pois na Trapa era possível: ‘unir-se absoluta e inteiramente à Vontade de deus; viver somente para amar e sofrer; ser o último em tudo, exceto na obediência’. Palavras que logo foram provadas por fatos: o jovem adoeceu com uma grave espécie de diabetes sacarina, chegando a perder mais de 20 kg em 8 dias. Como seu estado de saúde estava muito mal, teve que regressar à casa dos pais para tratar-se. Chegou a ficar entre a vida e a morte, mas aos poucos, muito vagarosamente foi melhorando.


Depois de haver superado a fase mais aguda da enfermidade, ficou claro que o jovem noviço nunca recuperaria a saúde, nem alcançaria a cura total. Apesar disso não desistiu de voltar à Trapa, aceitando viver como ‘oblato’ na enfermaria, suportando serenamente o mal que o afligia. Repetidas vezes Rafael teve que deixar o Mosteiro, mas pediu sempre que o deixassem regressar.


Escreve em seu diário espiritual: ‘Se o mundo pudesse imaginar que martírio contínuo é minha vida...Minha vocação é sofrer em silêncio por todo o mundo, imolar-me em união com Jesus pelos pecados de meus irmãos, pelos sacerdotes, os missionários, pelas necessidades da Igreja, pelos pecados do mundo, pelas necessidades de minha família’.

Em 26 de abril de 1938, depois de somente 19 meses e 12 dias transcorridos na Trapa, dos quais 4 em agonia, Rafael morreu sofrendo com febres altíssimas e com um sentido insaciável de fome e sede por causa da doença implacável. Seus escritos, que muito se tem lido e comentado, lhe valerão o título de ‘um dos maiores místicos do século XX’ e a fama de mestre de vida espiritual.


World Family of Radio Maria



quarta-feira, 1 de abril de 2009

Máximas espirituais do Beato Rafael




“Que grande é Deus! Que bem ordena todos os acontecimentos sempre para sua glória!

Só Deus preenche a alma e a preenche toda!

A verdadeira felicidade se encontra em Deus e somente em Deus!

O que não tem a Deus necessita de consolo; mas o que ama a Deus, que maior consolo?

Como se inunda minha alma de caridade verdadeira pelo homem, pelo irmão débil, doente...Se o mundo soubesse o que é amar um pouco a Deus, também amaria ao próximo!

Ao amar a Jesus, forçosamente se ama o que Ele ama.

A única verdade é Cristo.

Fiz o voto de amar sempre a Jesus. Virgem Maria, ajuda-me a cumprir o meu voto.

Para Jesus tudo, e tudo para sempre, para sempre!

Não bastou a Deus entregar-nos seu Filho numa Cruz, também nos deixou Maria.

Honrando a Virgem, amaremos mais a Jesus; colocando-nos debaixo de seu manto, compreenderemos melhor a misericórdia divina.

Que grande é Deus! Que doce é Maria!”


Dos escritos de Rafael