quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O Irmão Rafael





27 de abril de 2008



“Faz alguns dias que chegou até mim a notícia de um milagre que Javier Morán tinha levado a público nas páginas de La Nueva Espana. Sendo o periodista um dos poucos cronistas religiosos que merecem credibilidade, era de supor que se o pretenso milagre lhe havia interessado de tal forma, então havia algo de realmente impactante nele.

A Santa Sé havia confirmado o milagre. Com isso se abria o caminho para uma próxima canonização do já Beato Rafael. Motivo de enorme alegria para a Trapa e para as Igrejas palentina e espanhola. Um Santo nosso que, como é de se esperar, o Papa deve proclamar brevemente. Um Santo ademais, muito perto no tempo, muito jovem e, em dias em que as vocações à vida consagrada escasseiam tanto, um Santo com um imenso amor à vida religiosa.

Só farei uma menção ao jovem que, apesar de seus poucos anos, logrou ser um mais que notável escritor místico. Há Santos que com sua palavra e seu exemplo arrastam outros a seguir Jesus. Outros o fizeram com seus escritos. Nossa Teresa de Ávila pode ser paradigma entre estes últimos. Pois bem, a leitura do Irmão Rafael levou também Cristo a não poucos.

Mas no que quero deter-me um pouco é em seu amor à vida religiosa e particularmente na duríssima Trapa. Amor que Cristo quis provar extremamente e que acrisolou na dor e na enfermidade.

Rafael era um jovem de família abastada. Tudo lhe sorria neste mundo. Para ele, ingressar no Claustro não queria dizer morrer de fome ou padecer de duros trabalhos no campo. Quis ser religioso por amor. A Cristo e à vida consagrada.

E Cristo se empenhou em dificultar bastante tudo para ele com uma antecipada enfermidade que lhe tornava impossível o Claustro. Mas ele se empenhou em mostrar o contrário a Deus. E o conseguiu. Horas antes de deixar este mundo para receber o abraço amoroso Daquele a Quem tanto amou e que tanto lhe amava embora fosse com esses amores tão incompreensíveis ao nosso entendimento, recebeu o que era o sonho de sua vida: o Hábito do Cister.

Talvez o Superior de Dueñas possa ter pensado que aquele jovem não poderia cumprir as normas da vida monacal, mas que se tinha tal sonho, tal amor a Deus e à Ordem e, restando-lhe apenas algumas horas de vida, poderia fazer uma exceção e lhe impor o Santo Hábito. E efetivamente com seu desejado Hábito faleceu muito pouco tempo depois. O Superior, sem sabê-lo, recebia em seu Mosteiro o maior tesouro da Trapa de Dueñas.

Em dias de religiosos escassos, quando suas casas e seus Claustros não conhecem a juventude e quando tantos jovens não conhecem a Deus, o Irmão Rafael, oxalá muito próximo São Rafael Arnáiz, mostra caminhos que jamais se deveriam ter abandonado. Caminhos de luz, de esperança, de renascimento da vida religiosa".

Francisco José Fernández de la Cigoña


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